Hábitos de vida pouco saudáveis reduzem chances de engravidar

Álcool, drogas, cafeína e obesidade são os principais fatores que podem prejudicar a fertilidade. Médico também fala sobre os mitos e verdades em torno da questão

mulher-álcool O álcool pode comprometer a fertilidade tanto feminina quanto masculina (Foto: Reprodução de internet)
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De acordo com estudo recém-publicado no periódico Human Reproduction, mulheres que comem fast food com regularidade e não incluem frutas na alimentação têm maior probabilidade de desenvolver dificuldades para engravidar. A pesquisa foi realizada com 5.598 mulheres e mostrou que as mulheres que se alimentam de fast food quatro ou mais vezes durante a semana tendem a demorar quase um mês a mais para engravidar em relação às que nunca comiam ou raramente.

O estudo foi baseado na lembrança de que as entrevistadas da Austrália, Nova Zelândia, Reino Unido e Irlanda comeram antes das gestações dos primeiros filhos. Mas será mesmo que fast food, além de engordar, traz prejuízos a quem deseja engravidar? As dúvidas são muito frequentes quando o assunto é fertilidade feminina ou masculina. O universo de informações disponíveis hoje na internet, seja em sites, grupos em redes sociais e até mesmo Whatsapp, pode gerar ainda mais questionamentos.

Médica especialista em reprodução humana da FertRio, Ana Hissa recomenda que antes de tentar engravidar, o casal visite um ginecologista e procure fazer todos os exames de controle como: Papanicolaou, exames gerais e específicos, além de checar sua carteira de vacinação e níveis de vitamina D. Segundo ela, alguns estudos mostram que baixa de vitamina D pode causar falhas de implantação embrionária e abortos de repetições. Por isso, as mulheres devem começar a tomar ácido fólico cerca de três meses antes de começar a tentar engravidar e continuem até pelo menos os três primeiros meses de gravidez.

Ana Hissa lista os principais hábitos que precisam ser abandonados pelo casal, para melhorar a fertilidade:

OBESIDADE

A obesidade não só afeta a fertilidade nas mulheres, mas também nos homens, uma vez que está associada a condições como baixos níveis de testosterona e disfunção erétil, o que afeta significativamente a possibilidade de um casal ter filhos. Uma mulher obesa está suscetível à anovulação, que é a suspensão ou cessação da ovulação. Isso acontece porque os níveis de insulina altos são responsáveis por hormônios sexuais alterados, entre outros problemas.

Estudos mostram que a infertilidade relacionada à anovulação é 30% maior em mulheres com IMC entre 24 e 31, em comparação com as mulheres de peso considerado normal. Além disso, para aqueles com IMC acima de 31, a chance é até 170% maior. A obesidade leva à diminuição da testosterona, do hormônio estimulante do folículo, da inibina B e da globulina. Isso leva a baixa contagem de espermatozóides e a diminuição da qualidade dos espermatozoides em homens obesos.

FUMO

O fumo pode afetar a função reprodutiva em vários níveis, como a produção dos espermatozoides, motilidade tubária (importante para a captação do óvulo que sai do ovário no momento da ovulação), a divisão das células do embrião, formação do blastocisto (embrião com mais de 64 células) e implantação.

O fumo também é associado ao aumento no risco de aborto, seja no método tradicional de gravidez. Um homem tabagista é 50% menos fértil do que um saudável. Uma das explicações é que as substâncias do tabaco causam aumento dos radicais livres, destruindo o DNA dos espermatozoides.

CAFEÍNA

Consumir altas doses de cafeína (acima de 500 mg ou 5 copos de café por dia) também contribui para a queda da fertilidade. Os médicos indicam que o limite diário da bebida deve ser de uma a duas xícaras quando se tenta engravidar.

ÁLCOOL

O álcool pode comprometer a fertilidade, seja a feminina ou a masculina. Seu consumo pode aumentar risco de abortamento e afetar a qualidade dos espermatozoides;

Mitos e verdades sobre a fertilidade

Em meio a tantas dúvidas, Mauricio Chehin, da Huntington Medicina Reprodutiva, orienta que a melhor opção é sempre conversar com o médico. Veja alguns esclarecimentos do especialista para alguns dos principais mitos e verdades sobre o tema:

  1. A culpa da infertilidade é sempre da mulher?
    Não. Isso é um mito muito comum na sociedade, mas 35% das causas de infertilidade são relacionados a fatores femininos, outros 35% são relacionados à causa masculina. Um quinto dos casos (20%) está relacionado à infertilidade combinada do casal. Ainda, em 10% dos casais não foi possível identificar o fator causal.
  2. O relógio biológico é o maior inimigo da fertilidade?
    Sim, é verdade. Após os 35 anos, a chance de gravidez diminui gradativamente. Isto porque também se reduz a quantidade e a qualidade de óvulos das mulheres.
  3. O uso de anabolizantes reduz a fertilidade?
    Sim. Os anabolizantes são compostos de testosterona, o hormônio masculino. E a dose dele muito acima dos níveis normais no corpo pode reduzir a fertilidade tanto de homens como de mulheres. A testosterona bloqueia a produção de FSH, hormônio produzido pelo cérebro responsável pela maturação das células germinativas, e isso inibe a produção de espermatozoides e o ciclo menstrual.
  4. O uso da pílula anticoncepcional reduz a fertilidade das mulheres?
    Essa é uma dúvida bastante comum, mas não é verdade. A maioria das mulheres, após interromper o uso da pílula, retoma sua fertilidade em poucos meses. Além disso, a pílula pode até ajudar a proteger a fertilidade, diminuindo a evolução da endometriose, por exemplo.
  5. Congelar óvulos é uma boa alternativa para quem decide postergar a gravidez?
    Sim, isso é verdade, já que a chance de gestação está relacionada à idade da mulher. Por exemplo, se ela resolve congelar os óvulos aos 30 anos e depois decide engravidar aos 38, e não tem sucesso, essa mulher pode usar os óvulos congelados com maior chance de gravidez, já que essa probabilidade está relacionada à idade em que foram congelados. Essa também é uma alternativa bastante interessante para pacientes que precisam postergar a gestação em função de alguma doença a ser tratada, como pacientes com câncer, por exemplo. Assim, pode ser feita a preservação da fertilidade, ou seja, congelar óvulos ou espermatozoides para serem utilizados numa gravidez após o tratamento dessa doença.
  6. O tabaco prejudica a fertilidade?
    Sim, tanto o fumo quanto o álcool e outras drogas prejudicam a fertilidade de homens e mulheres. Nos homens, pode comprometer a locomoção dos espermatozoides e alterar sua morfologia. Nas mulheres, diminui a qualidade dos óvulos.
  7. É possível fazer fertilização in vitro depois de ter feito laqueadura?
    Sim. Aliás, esta é praticamente a única forma de uma mulher que fez laqueadura engravidar, a menos que ela faça uma cirurgia de reversão da laqueadura. No entanto, as chances de restabelecimento total da fertilidade são menores do que nos casos de reversão da vasectomia, que é feita no homem. A fertilização in vitro só é possível após a laqueadura porque, neste procedimento, o óvulo é fecundado pelo espermatozoide fora do corpo da mulher, ao contrário do que acontece na inseminação artificial, em que a fecundação ocorre diretamente na tuba. Dessa maneira, o sucesso da fertilização vai depender apenas de fatores externos, ligados à idade da mulher, à qualidade dos óvulos e dos espermatozoides coletados, bem como do endométrio da paciente.

 

Da Redação, com Assessorias

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